«... Ambrósia suspeitou que o seu destino e o das mulheres do Monte das Pedras estavam para sempre ligados ao do Monte do Fidalgo, embora não soubesse exactamente como. Mas era uma coisa assim, um presságio que reconhecia e que pairava no ar, no desenho das estrelas, na respiração da terra, no palpitar das searas, nas nuvens do céu, nas lágrimas que entornava e que davam de beber às rãs. Por isso, pensava que Deus a queria ali, grande como um gigante e velha como um século, para olhar pelo futuro das três irmãs e, quem sabe, para protegê-las de si próprias.»
Três irmãs apaixonadas pelo mesmo homem. Uma jovem adolescente, Amália, que tem por única companhia a sua boneca Contratempo. Uma cigana centenária, Ambrósia, que tem o coração do tamanho do mundo e é capaz de ler nas suas próprias lágrimas as pulsões mais profundas daqueles que a rodeiam.
Sofia Marrecas Ferreira transporta-nos de novo a um mundo mágico e real, reconstituindo uma saga familiar que serve de suporte a uma reflexão literária sobre o encanto e as desilusões de uma cultura ancestral – a do Alentejo.
Sofia Marrecas Ferreira estudou Línguas e Literaturas Românicas na Universidade Clássica de Lisboa, licenciou-se na Universidade de São Paulo, Brasil, e obteve o mestrado no King’s College, em Londres, com uma tese sobre «O Lisboeta Queirosiano».
Às vezes o Mar não Chega é o seu sexto romance, depois de Mulheres de Sombra (Prémio Máxima de Revelação), Uma História de Família, Da Cor dos seus Olhos, Só por Amor e O Sangue da Terra, este último publicado pela Porto Editora.
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