terça-feira, 3 de novembro de 2015

Entrevista a Luís Abreu

Fale-nos um pouco sobre si.
Nasci em Angola, em 1973. Em Portugal não sou de lado nenhum, já que morei em vários locais, mas aquele com que mais me identifico, talvez por ter passado lá toda a adolescência, talvez por ser mesmo um local especial, é com Almada.
Estudei Engenharia Informática no Instituto Superior Técnico e trabalhei na área. Deu-me especial prazer o meu último emprego por ter trabalhado em algo que influenciava a vida de milhões de pessoas.
Em agosto de 2006 tive um AVC, estive em coma, fiquei tetraplégico e praticamente mudo na sequência do mesmo. Não tinha fatores de risco (pensa-se que tenha sido um problema congénito numa artéria). Como o é normalmente, foi completamente de surpresa e um momento mudou toda uma vida de sonhos e planos. Aliás, mudou várias vidas. O AVC teve, no entanto, o dom de me ensinar que não vale a pena fazer muitos planos. Não vou mentir, não tem sido fácil, mas, ao contrário do que possa pensar, o AVC teve algumas coisas boas. Esse testemunho, no entanto, está no livro e não quero revelá-lo aqui. Estou certo que compreende.

Como entrou a escrita no seu dia-a-dia?
A primeira vez que me lembro de escrever foi um poema na 4ª classe por influência da minha professora, mas foi quando fui morar sozinho para Lisboa, em 2003-2004, que a escrita se tornou mais importante.

Como se sentiu ao publicar o seu primeiro título em prosa?
Honestamente um grande orgulho. Antes do AVC uma das coisas que melhor me caraterizava era não ter paciência para textos tão grandes – um dos motivos que me levou mais para a poesia. Nunca pensei terminar este texto.

Identifica-se com alguma das suas personagens?
Claro. O livro é uma autobiografia ficcionada logo o Rodrigo é totalmente baseado em mim.

Quais são as suas referências e inspirações enquanto escreve?
Na poesia talvez António Ramos Rosa, Al Berto e Eugénio de Andrade, na prosa não tenho.

Qual é que acha que é o papel da blogosfera em geral na divulgação literária?
Extremamente importante. Eu sou tetraplégico e não trabalho. A blogosfera é praticamente a única forma de divulgar o meu trabalho. Se resulta digo-lhe daqui a umas semanas. Também há, obviamente a sorte e o talento, mas a grande maioria dos escritores não se pode incluir nesses grupos.

Tem recebido feedback dos seus leitores?
Pouco até ao momento. Panorama que deve mudar com este livro.

Tem algum plano literário para o futuro?
Tenho. Para o futuro estão planeados quatro livros: dois em prosa, um em poesia e um que o melhor é verem. Um dos livros em prosa está já a ser escrito, conta a história de um esquizofrénico e no final dá uma reviravolta surpreendente. O livro em poesia é composto por uma espécie de haikus ocidentais e também já está a ser escrito.

2 devaneios:

Ana Santos disse...

És um escritor maravilhoso, Luís!!!! <3

Ana Santos disse...

Comprem o AVC do AMOR, é um livro fantástico!!!!!

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