quarta-feira, 20 de junho de 2012

Lágrimas na Chuva

Autora: Rosa Montero
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 360
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04368-9

Sinopse:
Estados Unidos da Terra, Madrid 2109.

Uma série de replicantes parece estar a enlouquecer, cometendo assassinatos brutais e suicidando-se de seguida. A detetive Bruna Husky, uma replicante de combate, é contratada para descobrir quem e o que está por detrás desta onda de loucura coletiva, num entorno social cada vez mais instável. Entretanto, o arquivo central de documentação da Terra está a ser alvo de pirataria informática: uma mão anónima anda a manipular a História da Humanidade.
Feroz, solitária, inadaptada, e dolorosamente consciente de cada minuto de vida que lhe resta, Bruna Husky mergulha numa conspiração xenófoba mundial, enfrentando a constante suspeita de traição dos que se dizem seus aliados, e encontrando na companhia de uma série de marginais - capazes de conservar a razão e a ternura no meio da loucura da perseguição - uma vitalidade aguerrida.
Lágrimas na Chuva é um romance futurista sobre a sobrevivência, sobre a ética política e individual, sobre o amor e a necessidade do próximo, e sobretudo sobre a memória e a busca de identidade. Rosa Montero transporta-nos a um futuro imaginário, coerente e poderoso, para melhor nos alertar sobre os perigos das grandes opções do presente.


Opinião:
Nunca tinha lido nada desta autora, mas depois de ler esta sinopse... quem é que consegue resistir?


Bruna recebe uma visita inesperada quando a sua vizinha lhe entra em casa do nada e começa a gritar um discurso eloquente e que em nada faz sentido. De seguida acaba por se suicidar mesmo à frente de Bruna o que a choca pois não estava à espera de tal comportamento vindo de uma pessoa que parecia normal e sossegada. Acabando por ignorar o que tinha sucedido, Bruna continua a sua vida de detective como se nada tivesse acabado de ocorrer, mas acaba por perceber que o que parecia ser um simples caso de loucura é muito mais, quando inúmeros tecno-humanos começam a ter o mesmo comportamento estranho que a sua vizinha teve. Sim, não estamos a falar do mundo dos dias de hoje. Este livro ocorre num futuro não muito distante, em que para o conhecimento relativo às máquinas está deveras avançado, sendo grande parte da população tecno-humanos, peças de engenharia com sentimentos, emoções e que tentam viver as suas vidas como humanos normais.


Mas estes casos de loucura por parte dos tecno-humanos não os ajudam a cair nas boas graças dos humanos, que acabam por os odiar e temer. Contratada para tentar perceber o que se está a passar, Bruna acaba por descobrir uma intriga muito mais complicada e profunda do que esperava.


Uau! Foi uma das poucas palavras que passava pela minha cabeça após ler este livro! Nunca tinha lido nada da autora, por isso não sabia bem o que esperar, mas após ler este livro deu-me uma vontade enorme de ir procurar outras coisas por ela escritas. Esta autora arriscou imenso a escrever este livro, pelo menos é o que eu acho. É daqueles livros que ou funcionaria muito bem, ou iria funcionar muito mal e graças ao grande talento de Rosa Montero e da sua escrita harmoniosa e fluida, acabamos por ter em nossas mãos um livros muitíssimo bom, em que conhecemos Bruna, uma tecno-humano desenhada para combate. Temida por uns e acarinhada por outros, Bruna tenta usar as suas "definições de fabrico" para fazer algo bom no mundo, mas a vida de uma tecno-humana é complicada e não há muitos humanos que quereriam contratar um robô, mesmo sendo um com sentimentos definidos e com memórias de uma vida passada. Sim, porque nestes robôs são implantadas memórias, desenhadas com o objectivo de lhes ensinar o que é o amor, a dor, o perdão e muitos outros sentimentos e este é sem dúvida um ponto importante em toda a história. Mesmo com estas adversidades, Bruna faz o melhor que pode para sobreviver e embora tenha um aspecto estranho e assustador (mas belo), acaba por se mostrar uma pessoas preocupada com os outros embora tente esconder essa parte de si.

Acabamos por conhecer outras personagens pelo caminho, por exemplo, o autor das memórias de Bruna, um dos melhores no seu trabalho, mas que devido a dedicar-se em demasia à escrita destas memórias teve problemas com a autoridade. Conhecemos o que se pode chamar um homem lagarto, um ser de outro mundo que encontra Bruna e acaba por se envolver com esta e acabamos por ter mais um caso de medo e nojo por espécies diferentes, de onde retiramos a lição que o medo que sentimos vem do desconhecido e não propriamente do ser perigoso.

Um livro muito bom que recomendo sem reservas, gostem ou não de romances passados no futuro, gostem ou não de romances com "robôs", este é um romance para qualquer pessoa, que nos mostra o que o preconceito pode causar e quais as suas repercussões.

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