domingo, 2 de dezembro de 2012

Um grande texto publicado pelo Blog Morrighan


Hoje estava no meu passeio pelos blogues literários que costumo visitar diariamente e dou de caras com um texto num dos primeiros blogues que visitei e que, muito sinceramente, no início deste meu espacinho serviu como inspiração para começar a dar os meus passos de bebé até hoje.

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Quando iniciei a minha aventura na web através da criação deste blogue, não sabia bem no que me estava a meter. Eu utilizava o espaço para me expressar em assuntos que achava pouco debatidos ou pouco esclarecidos, como o Paganismo. Escrevia muito de vez em quando, quase sem pensar se alguém leria ou não, mas que caso tropeçasse neste espaço pudesse encontrar algo de útil.

Nas férias de 2009, e porque nesses tempos eu já ganhava uns trocos e juntava tudo o que conseguia para comprar livros, li que nem uma desalmada. Não me lembro bem quantos livros é que li ao todo, mas sei que os que levei de férias não chegaram e tive de ir comprar mais durante as mesmas. Quando voltei, pensei que seria engraçado aproveitar o meu espaço na web para comentar os livros que tinha lido. Depois vieram os fóruns sobre livros e fui descobrindo que havia blogues que se dedicavam quase exclusivamente à crítica literária.

Em tom de brincadeira, e com a mesma intenção de tornar o blogue Morrighan num espaço do qual as pessoas retiravam algo de bom, comecei a contactar autores portugueses. Na minha opinião, isto ainda em fins de 2009/início de 2010, os autores portugueses estavam demasiado escondidos. Pelo menos os mais novos/recentes. A divulgação era escassa, os autores estrangeiros é que tinham o destaque todo e eu não me conformava com isso. Vocês hão-de pensar que isso não era bem assim, que havia bons autores com divulgação suficiente, etc., mas se virem do ponto de vista do género do fantástico (que cresceu de forma assustadora desde então), os escritores portugueses autores desse género, eram praticamente desconhecidos.

Iniciei então a aventura das entrevistas, que nem bem entrevistas eram, mas sim um conjunto de tópicos básicos para que os autores se dessem a conhecer. Graças à simpatia desses autores, comecei a receber livros com dedicatórias/agradecimentos que ainda hoje leio com muito carinho. No segundo trimestre de 2010, começaram a surgir as parcerias literárias. Algumas editoras contactaram-me, outras contactei eu com ajuda de outros bloggers e rapidamente me vi envolvida num mundo completamente novo e fascinante.

Reparem que eu falo dos meses entre Abril e Junho de 2010. Na altura, para além dos blogues literários não serem nem de perto nem de longe tantos como são hoje, o género do fantástico era pouco destacado, pouco lido. A aceitação por parte de autores e editoras de que o espaço Morrighan se iria dedicar à divulgação do género e de autores portugueses foi determinante para o seu sucesso.

Entretanto o blogue cresceu, divulga todo e qualquer género, desde que seja do meu agrado. Acho importante sublinhar que, apesar de se estabelecerem parcerias editoriais e de receber livros gratuitamente ser muito atractivo e apelativo, é fundamental manter a nossa identidade e personalidade - o nosso traço na web.


Hoje em dia, e estamos em Dezembro de 2012, os blogues literários são mais que muitos. Nascem que nem cogumelos por todo o lado e mais algum. Vão à caça de parcerias e de livros de borla. Não importa se as críticas são boas ou fundamentadas, importa dizer bem dos livros para que as editoras continuem a enviá-los de forma massiva. E não tenham dúvidas de que isto hoje acontece em larga escala, porque acontece.

No entanto, não se deve cair no erro de atribuir este fenómeno apenas aos bloggers. As próprias editoras são culpadas desta inundação de verborreia literária na web. Como os blogues são um óptimo meio de divulgação e de publicidade gratuita, quase que incentivam a isso mesmo. Não querendo generalizar, penso que é visível que existem editoras que nem analisam os blogues para os quais enviam os livros. Enviam e pronto. Não existem critérios de selecção, não existe sequer um estudo. Desde que se fale bem dos seus livros, enviam e pronto.

Mas... E então se... Epah, se eu não gostar do livro? Não posso falar mal!!! A editora assim não me envia mais livros!!! 
Sinceramente, este tipo de pensamento, a mim, custa-me de caraças. Penso que quando a editora envia um livro para um blogger, tem noção de que corre o risco do blogger não gostar desse livro, mesmo que tenha sido o mesmo a pedi-lo. E se o espaço é do blogger (e não das editoras como às vezes parece), porque é que não posso dizer que não gostei, fundamentando essa opinião? Não se trata de dizer bem ou mal dos livros, trata-se sim de apresentar as razões que nos levaram a gostar ou não da obra x ou y.

Ultimamente tenho visto tantos, mas tantos blogues a surgirem, que quando vou ao meu feed do blogger, são N posts iguais, com os mesmos títulos, os mesmo textos. Não se dá primazia à originalidade e à identidade própria. Mudam os templates e depois os conteúdos são iguais. Lembro-me que há uns anos não era assim. Cada espaço tinha uma identidade, um gosto, um traço de personalidade. Discutia-mos os livros nos blogues uns dos outros, havia diversidade de opiniões e acima de tudo, sinceridade.

Quero e gosto de pensar que o blogue Morrighan não perdeu essa identidade ao longo do tempo. Que não se deixou levar pela febre das parcerias (embora as agradeça do fundo do coração pois sem elas não leria metade do que leio) e que se mantém fiel a si mesmo. Agradeço a todos os meus leitores que me têm apoiado e acompanhado e que nunca desistiram de me visitar. Um muito obrigada."



Eu sempre gostei do blogue Morrighan, respondendo à pergunta no final deste texto, não, o blogue não perdeu a sua identidade. Continua com várias iniciativas e posts muito próprios (como o paganismo, que é algo que me chamou muito a atenção, pois sempre foi um tópico que me interessou e achei graça um blogue literário falar desses temas).

Eu comecei a ser bloguer a partir de Agosto de 2010, numa altura em que tinha terminado o liceu e estava a preparar-me para entrar na universidade. Este blogue nasceu como um cantinho para os meus "devaneios" (daí o nome), mas devido à minha paixão já antiga pela literatura, depressa ganhei um gosto enorme por referir quais as novidades no mundo literário e por publicar inúmeras opiniões sobre os diversos livros que li. Livros que me apaixonaram, livros que me fizeram sonhar, livros que simplesmente não conseguiram prender-me... As parcerias? Não tenho bem a certeza, mas sei que na altura estava de férias, sem nada que fazer e ia lendo outros blogues literários e vi que muitos tinham parcerias. A partir daí comecei a contactar uma ou outra, a fim de fazer passatempos e fiquei surpreendida quando as editoras enviavam livros não só para os passatempo mas também para mim, para serem lidos e comentados.

Daí até hoje o blogue já cresceu de inúmeras formas. Tenho cada vez um amor maior por este blogue, embora reconheça que por vezes o deixo demasiado ao abandono, pois há dias que chego a casa super cansada de um dia cheio de aulas e depois olho para os trabalhos que tenho ainda que fazer e simplesmente não tenho inspiração para escrever algo nele. Já tive diversas iniciativas nele sendo uma das que mais gostei a de todos os meses divulgar um autor português distinto. Devido a isso tomei contacto com inúmeros autores, todos eles muito simpáticos e prontos para ajudarem no que fosse preciso e tenho alguns livros assinados por eles, com dedicatória muitíssimo simpáticas e que ainda hoje me dão gosto ler.

Em relação a não dar opiniões negativas. É das coisas mais (desculpem a expressão) idiotas, mas que já vi acontecer em inúmeros blogues. Há livros bons para relaxar, há livros excelentes para qualquer horas e há livros maus que simplesmente não conseguimos gostar. Se as editoras vão parar as parcerias por causa de dizermos a verdade? Que não gostamos de um certo livro? É uma coisa que acho absurda pois elas também querem a nossa opinião verdadeira para saberem se devem ou não continuar a apostar naquele autor e/ou naquele género literário. Para eles a nossa opinião também conta e sabem que nem sempre, mesmo sendo eles a enviarem o livro, poderemos gostar dele. É verdade que pode custar dizer "ah obrigada por me oferecerem o livro, mas não gosto dele", mas é a verdade, é a melhor maneira de as editoras crescerem, pelos seus erros, mas para isso precisam de saber que erros são esses. Tal como determinados autores. Há uma autora portuguesa, cujo primeiro livro li e adorei, que após ver a minha classificação no site goodreads perguntou-me o que achava que deveria ser melhorado, para crescer na sua escrita! Foi uma atitude que gostei imenso e admito que admirei muito, pois não há assim tantas pessoas a fazerem isso. Mas para a autora perguntar isso tive que ser sincera, não ia, por a ter achado uma pessoa muitíssimo simpática, dizer de imediato "o teu livro está fabuloso, não alterava nada, continua", porque sim estava fabuloso, mas havia ali algumas coisinhas que eu sabia que davam para melhorar.

Este testamento todo para dizer... adorei Blog Morrighan! É por estas e por outras que este é um dos meus blogues de eleição, pela sinceridade impressa em todo o blogue. Parabéns pelo texto e pelos 4 anos do teu bloguinho Sofia!! :)

1 devaneios:

Morrighan disse...

Minha querida,

É tão bom receber palavras simpáticas como as tuas, mesmo! Tal como disse no meu blog, adoro que passes por lá e que partilhes as tuas opiniões comigo. Esta é mais uma delas! Muito obrigada :)

Eu respeito muito o teu espaço e as tuas opiniões, acho que sabes isso. É bom ver que alguns blogues se mantém fiéis a eles mesmos!

Que continuemos as duas por aqui durante muito tempo!

Um grande beijinho

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