terça-feira, 25 de junho de 2013

A Outra Rainha

Autora: Philippa Gregory
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 475
Editor: Livraria Civilização Editora
ISBN: 9789722627702

Sinopse:
Um romance dramático de paixão, política e traição, da autora de Duas Irmãs, Um Rei. Com a sua característica combinação de magnífica narrativa com um contexto histórico autêntico, Philippa Gregory dá vida a esta época de grandes mudanças, numa fascinante história de traição, lealdade, política e paixão.
Maria Stuart, Rainha dos Escoceses, está em prisão domiciliária em casa de Bess de Hardwick, recém-casada com o Conde de Shrewsbury, mas continua a lutar para recuperar o seu reino.
Maria é Rainha da Escócia mas foi forçada a abandonar o seu país e a refugiar-se na Inglaterra, governada pela sua prima Isabel. Nesta época, a Inglaterra é um país com um protestantismo mal alicerçado, pressionado pelo poder da Espanha, da França e de Roma, e a presença de uma carismática governante católica pode ser perigosa. Cecil, o conselheiro-mor da Rainha Isabel, concebe então um plano para que Maria viva enclausurada com a sua cúmplice, Bess de Hardwick. Bess é uma mulher empreendedora, uma sobrevivente perspicaz, recém-casada com o Conde de Shrewsbury (o seu quarto marido). Mas que casamento resiste aos encantos de Maria? Ou à ameaça de rebelião que a acompanha a todo o momento? No seu cativeiro privilegiado, Maria tem de aguardar pelo regresso à Escócia e pelo reencontro com o seu filho. Mas esperar não significa nada fazer!


Opinião:
Eu adoro esta autora. Adoro a forma como consegue escrever e ensinar história de uma forma tão romantizada e leve. De uma forma mágica e encantada. Sem dúvida umas da minhas autoras prediletas no que toca a romance histórico!

Inglaterra é governada por Isabel, filha de Ana Bolena e do Rei Henrique VIII, a conhecida rainha virgem pois nunca casara durante o seu longo reinado (um dos mais logos em Inglaterra). Isabel é uma reconhecida protestante que de imediato, ao subir para o trono, deixa de favorecer tanto as igrejas e começa a pensar no país como um todo e formas de o impulsionar para um futuro melhor. Sendo filha de Ana Bolena, mulher que tinha sido decapitada por ordens do próprio esposo e rei Henrique VIII, Isabel havia sido proclamada  como ilegítima, nunca podendo ascender ao reino e embora tal proclamação já tivesse sido retirada por Henrique VII no seu leito de morte, havia no reino quem pensasse noutra pessoa que seria melhor para o papel.

Maria Stuart, ou Maria, rainha dos escoceses, tinha uma tripla herança. Sendo rainha da Escócia pelo lado do pai, havia casado com um rei francês e tinha ainda sangue da realeza inglesa, também do lado do pai, que era filho de Margaret Tudor, uma das filhas de Henrique VII. Tendo crescido no meio da beleza e imponência da corte francesa, Maria era uma rapariga belíssima, considerada por muito a mais pela do mundo, para além de usar essa sua beleza para conseguir tudo o que queria dos homens e até mesmo das mulheres que a consideravam uma pessoa muito delicada. Embora com uma saúde fraca, quando necessitava de realizar tarefas que para muitos era impossível, uma força que parecia divina apoderava-se dela, chegando a descer de torres com a ajuda de uma simples corta e a cavalgar dias e noites mesmo em gravidez avançada, desde que tal significasse a sua ascendência ao trono e liberdade. Maria, ao contrário da  sua prima e Isabel não era protestante, era uma católica ferrenha.

Maria tinha um grande amor ao poder, e uma visão de si própria que ultrapassava a dividade. Embora já não governasse o reino francês pois o seu marido morrera, não governasse a Escócia pois havia sido traída pelo meio-irmão que a odiava e pelos lordes que o acompanharam e também não governando Inglaterra, que agora era da sua prima, Maria queria a todo o custo recuperar um destes reinos e para isso fez inúmeras tentativas de guerra entre países. Sendo considerada demasiado perigosa acabou por ser presa em prisão domiciliária, um suposto "retiro pacífico" até Isabel, sua prima, arranjar-lhe forma de ela reaver a Escócia. Mas Maria quer as coisas feitas à sua maneira e odeia esperar. E dessa forma decide levar a cabo os seus próprios planos para destronar Isabel, pois acha que esta faz de propósito para demorar tanto tempo a colocá-la no trono da Escócia.

Inicialmente, ao ler o livro, tenho que afirmar que por muito mal que as personagens fizessem eu nunca conseguia antipatizar com elas. Acabava por sentir sim, pena do que ultrapassavam, e acaba por compreender porque faziam determinada ações. Só que à medida que fui avançado na leitura tais sentimentos acabaram por mudar, especialmente em relação a Maria. Maria Stuart é uma personagem mimada, que tendo sido tratada como uma rainha durante toda a sua vida, quando destronada do trono, continua a tratar todos como lixo, como seres inferiores a ela, atirando sorrisos e falsas promessas a todos. Jura que a sua palavra é cumprida, mas acaba por afirmar que nem sempre é assim, mas que naqueles tempos a sua palavra é a única coisa que tem à venda. É dona de uma beleza angelical e com ela destrói famílias, ao pronunciar-se ao sexo masculino. Entre essas famílias destruídas temos aquela que foi responsável por cuidar dela durante o seu cativeiro, Bess de Hardwick e o Conde de Shrewsbury, um dos poucos homens no reino para quem a honra vale mais do que o dinheiro. Maria acaba por se demostrar uma pessoa falsa, que fará tudo e trairá todos para subir ao trono, não querendo saber quantas vidas são perdidas pelo caminho.

Uma personagem que adorei no livro foi Bess de Hardwick. Enquanto que Maria é má pessoa, mas esconde-se por trás de uma máscara, que eu acredito que ela própria ache real, Bess é uma pessoa autêntica, que tem noção das suas falhas como pessoa, sendo uma delas o grande amor que tem às suas propriedades. Bess é das poucas pessoas da nobreza que conseguiu ascender do nada. Estando já no seu quarto casamento, todos os homens com quem casou adoravam-na, acabando por lhe deixar tudo o que era seu. Um desses maridos ensinou-a a fazer a contabilidade das suas casas, acabando graças a tal conhecimento por conseguir fazer render imenso dinheiro das suas propriedades, sabendo quando se gastava e quando era gasto. Sabendo quando ovelhas tinham e o preço da sua pelagem, quantas plantações tinham e quando é que estas davam fruto e quanto valeria esse fruto. Uma pessoa determinada que fez por ascender na vida e não nasceu já num berço de ouro.

Outra luta constante que aparecia neste livro era a da religião. Isabel era protestante, não compreendendo as regalias que os membros do clero tinham. Já Maria era uma cristã devota, acreditando que a palavra de Deus era tudo. Esta luta entre ambas acaba por ultrapassar em muito a simples luta pelo poder, sendo uma luta entre religiões e adorei ver essas duas mentalidades em luta.

Um livro muito bem conseguido da autora, que só tive pena de não ter qualquer tipo de romance sério, como muitos dos livros desta autora têm. Mas isso não me impediu de desfrutar este livro a sério e de o adorar! Um livro e uma autora que recomendo a todos sem reservas!

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