sábado, 10 de maio de 2014

Livro

Autor: José Luís Peixoto
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 264
Editor: Quetzal
ISBN: 9789725648995

Sinopse:
Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto. Entre uma vila do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores condições e de um futuro com dupla nacionalidade. Avassalador e marcante, Livro expõe a poderosa magnitude do sonho e a crueza, irónica, terna ou grotesca, da realidade. Através de histórias de vida, encontros e despedidas, os leitores de Livro são conduzidos a um final desconcertante onde se ultrapassam fronteiras da literatura. Livro confirma José Luís Peixoto como um dos principais romancistas portugueses contemporâneos e, também, como um autor de crescente importância no panorama literário internacional.


Opinião:
Admito... nunca tinha lido nada deste autor. Dele apenas conhecia o nome, sabia o que diziam dele e pouco mais. E muito sinceramente nunca fora um autor que me chamara a atenção, sendo que apenas li este livro porque mo emprestaram e acabei por lhe pegar porque entregar de novo o livro sem lhe ter tocado seria demasiado mal. Dessa forma acabei por lhe pegar e devo dizer que até me surpreendeu.

Estamos numa pequena terriola longe de tudo e de todos. Nela todos se conhecem, todos sabem o que fora feito no dia anterior e no ainda antes por cada habitante. Ilídio fora abandonado à sua sorte, ainda criança, pela sua mãe. Esperara e esperara que esta regressasse mas sem algum sucesso. Assim acaba por conseguir, através do próprio esforço, criar uma vida para si mesmo, enquanto cresce e aprende a amar. Este seu amor é Adelaide, uma rapariga lindíssima, a mais bonita da vila.

Estas duas personagens começam a criar entre si um romance secreto, um romance inocente, inicialmente de crianças, em que bastava uma troca de olhares para saberem que já eram namorados. A tia de Adelaide, ao saber deste amor entre as duas crianças, decide enviar Adelaide para França, onde estaria longe dos rumores da aldeia e onde poderia criar uma nova vida, pois estamos na altura em que começara a existir uma graça imigração de portugueses para França.

Mas a vida lá fora não é tão fácil como todos dizem. É verdade que há muito mais trabalho do que se mantive-se em Portugal, mas as condições não são fáceis e ir para França sem contactos alguns torna a coisa ainda mais complicada. Neste livro é a isso que assistimos, duas pessoas muito diferentes que imigraram por razões distintas e cujos destinos ainda mais diferentes foram. Adelaide conseguiu arranjar emprego em França. Um emprego onde até lhe pagavam bem e onde se manteve durante inúmeros anos, embora a sua vida se tenha tornado de tal forma rotina que já não sentia satisfação no que fazia.

Já Ilídio fora para França não pela promessa de uma vida melhor, mas atrás de Adelaide, o amor da sua vida. Sem conhecer quem quer que fosse nesse novo país e sem dinheiro consigo, Ilídio, com o apoio do seu grande amigo Galopim, vai arranjado um trabalhito aqui e acolá, para conseguir juntar dinheiro suficiente para continuar a viagem até França, atrás do seu verdadeiro sonho e amor. Mas a viagem não é fácil, sendo que o azar está constantemente atrás destas duas personagens e inclusivé o seu dinheiro.

É uma história que começa com um ritmo lento e muito sinceramente este início não me seduziu de forma alguma. Custou-me continuar a ler o livro nesta altura, mas a partir de metade a história começa realmente a desenvolver-se e foi aí que fiquei presa ao livro, querendo saber o que aconteceria a Ilídio e a Adelaide e a todas as outras personagens secundárias que acabam por ter os seus momentos brilhantes na história. A escrita do autor é daquelas que inicialmente se estranha, mas depois se entranha, sendo um género de escrita diferente do normal e muito própria. Daquele género que se no futuro me mostrassem um livro dele, sem referirem que era dele, conseguiria de imediato fazer a ligação.

Um livro que demonstra a realidade da imigração, tanto naquela altura como mesmo nos dias de hoje, através de personagens únicas e de uma escrita muito própria.

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