segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O Olhar do Açor

Autora: Sandra Carvalho
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 392
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722353212

Sinopse:
A descoberta dos Açores, e todo o mistério e aventura que a envolveu, foi o mote para esta obra em dois volumes de Sandra Carvalho. É uma narrativa que entretece com mestria verdade histórica e ficção, a realidade da sociedade portuguesa do século XV e a fantasia das personagens e dos cenários imaginados pela autora. Neste primeiro volume, que se centra nas histórias de vida dos fidalgos, ganham principal relevância as figuras de Constance, uma nobre inglesa enviada para Portugal para se casar com Gonçalves Vaz, senhor da valiosa herdade de Águas Santas; Nuno Garcia, um corsário implacável; Leonor, fruto ilegítimo da paixão de Constance e de Diogo, o jovem corajoso, protegido de Nuno Garcia e que Constance conhece durante a viagem, Guida, a escrava negra que cresceu com Leonor, e Tomás Rebelo, o fidalgo malévolo que deseja assenhorear-se de Águas Santas. Intriga, ganância, amor, paixão, e uma aura de misticismo, num romance extraordinário.


Opinião:
O que me chamara a atenção neste livro? A autora. Admito que não li a saga anterior de Sandra Carvalho de uma ponta à outra, mas decidi compensar começando a ler esta nova de imediato. Apesar de não ler há imenso tempo algo da autora, lembro-me facilmente dos primeiro e segundo livro da saga das Pedras Mágicas. Lembro-me que na altura estava apaixonada pela autora Julliet Marillier e que o primeiro livro dessa saga era muito parecido com as histórias de Marillier, o que me aumentou a curiosidade para continuar a ler Sandra Carvalho.

Leonor adora a história que a mãe lhe conta antes de adormecer. Uma história cheia de piratas, navegações em alto mar e como não podia deixar de ser, muito romance e paixão. Uma história que crescera com Leonor e que a tornara a rapariga apaixonada e cheia de sonhos que seguimos neste romance. Juntamente com a sua aia e escrava Guida (embora Leonor não a veja desta forma), Leonor sonha com um cavaleiro andante que aparecerá e que se apaixonará por ela à primeira vista. Um sonho que é alimentado cada vez mais até ao seu aniversário, quando Leonor descobre que está na altura de casar, não só pela idade que já apresenta, mas para assegurar a liberdade de Águas Santas. Uma lindíssima ilha cheia de vida que é um dos principais portos de comércio do país.

Mas a sua felicidade acaba por estar cheia de pedras no seu caminho. O pretendente ideal de Leonor, um francês cheio de falinhas mansas, acaba por não agradar à sua aia, que vê nele um homem falso e pretensioso. Mas quando finalmente Leonor consegue ver que a sua melhor amiga tem razão, um rasgo de magia aparece repentinamente em Águas Santas, matando tudo e todos os que se põem no caminho do malévolo plano de Tomás Rebelo e destruindo qualquer hipótese de paz que parecia querer aparecer. Tomás quer ser o senhor de Águas Santas. Quer governar e tem o plano ideal para o fazer. O que não esperava era que Leonor tivesse magia que o poderia travar! Magia poderosa que herdara do seu verdadeiro pai, Diogo Açor. Um nome sussurrado que acaba por esconder muitas perguntas e quase todas as respostas.

Este é um livro de fantasia leve. A história começa por nos ser apresentada como histórica, com piratas, princesas e salvamentos à mistura e logo no início conhecemos a verdadeira história de Constance, a mãe de Leonor, que tivera um casamento por conveniência embora nunca se esquecendo do primeiro e único amor. Um segredo que guarda a sete chaves e que acaba por ser uma da partes mais importantes de todo este romance, enquanto Leonor descobre a verdade não apenas sobre a sua família, mas sobre a sua herança.

Apesar de o livro se centrar essencialmente em Leonor, as partes sobre a sua mãe eram as minhas favoritas, Constance era uma personagem forte, determinada e que não se arrependia das suas escolhas, por muito difíceis que tivessem sido no passado. Já Leonor é uma personagem com quem é mais difícil criar empatia. Ainda uma adolescente, existem inúmeras passagens com descrições das suas "birras", o que acabam por a descrever como uma criança um tanto ou quanto mimada e habituada a ter tudo o que quer. Mas gostei de ver a transformação da personagem ao longo de toda a narrativa e à medida que percebia que o mundo não girava à sua volta e que era tudo menos perfeito. Aí finalmente vemos um lado mais forte e determinado desta personagem e vemos o quando ela mudou após todas as provações que sofrera e que ainda não terminaram, não fosse este o primeiro livro de uma duologia.

Admito que tive imensa pena de não aparecer a tão misteriosa e importante personagem de Diogo Açor e tenho imensa esperança de saber mais dele no próximo livro. Apenas sabemos que ele existe por sussurros e segredos que não deviam ser pronunciados e este aparenta ser a peça fundamental de todo o drama. Sem dúvida uma personagem que quero imenso conhecer.

Um livro que vem mais uma vez reforçar o grande talento de Sandra Carvalho como contadora de histórias, demonstrando que a sua imaginação é interminável. Recomendo!

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