domingo, 24 de outubro de 2010

As Mulheres de D. Manuel I

Autora: María Pilar Queralt del Hierro
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 330
Editor: Esfera dos Livros
ISBN: 9789896262471

Sinopse:
D. Manuel estava nervoso, aquela era a mulher que sempre amara. Que sempre desejara. Já a noiva sentia-se resignada, na verdade, depois de ter ficado viúva de D. Afonso, filho de D. João II e herdeiro do trono de Portugal, sonhara enveredar pela vida religiosa, ao serviço de Deus e dos mais necessitados. Mas quis o destino que os seus pais a entregassem a D. Manuel I, primo do seu falecido sogro. Isabel de Aragão tornava-se a primeira das damas do novo soberano de Portugal, mas o casamento durou pouco mais de um ano e, para grande tristeza de D. Manuel a sua doce mulher esvaiu-se em sangue aquando do nascimento do seu primeiro filho, D. Miguel. Era preciso arranjar uma nova mulher. D. Maria de Aragão, a sua cunhada com quem casou em 1500. Mas mais uma vez o fim seria trágico. D. Manuel voltava a cair numa profunda tristeza ao ver a sua amante, fiel companheira e conselheira dar o último suspiro em 1517. Não era justo passar pelo mesmo sofrimento. D. Manuel ameaçou abdicar em nome do seu filho D. João, retirar-se para um mosteiro, mas para surpresa de muitos, ao olhar para o retrato de D. Leonor de Aragão, prometida do seu filho e herdeiro D. João III, o soberano enamorou-se de novo.


Opinião:
Esta é uma autora que eu já conhecia de nome, devido a outros livros seus como "Memórias da Rainha Santa" e Eu, Leonor Teles". Tinha já lido críticas positivas relativamente a esses títulos e quando consegui arranjar um dos livros da autora fui lê-lo de imediato.

Este livro conta-nos a vida amorosa de D. Manuel I, o Afortunado, e a vida das suas três mulheres. Tendo como amor de criança D. Isabel, esta foi a sua primeira mulher, a mulher que lhe mostrou o que era a paixão e que o amou igualmente, apesar de já ter amado o seu ex-marido (que havia falecido). A sua vida ao lado desta mulher foi feliz, mas infelizmente curta, tendo falecido ao dar à luz o seu primeiro filho varão, que devido ao sofrimento D. Manuel I praticamente renegou. Tendo uma saúde frágil, a pequena criança, criada em solo castelhano pela mãe de D. Isabel e a sua irmã, D. Maria, acabou por morrer poucos anos depois.

Passado algum tempo da morte do seu primeiro amor, e sem herdeiros fiáveis para o sucederem, D. Manuel teve que decidir casar de novo. Acabou por casar com a irmã da sua ex-mulher, D. Maria, que era como uma mãe para o seu filho já falecido. Um casamento que no início era simplesmente obrigação, acabou por se tornar um casamento feliz e cheio de amor e filhos. D. Maria acabou por se apaixonar pelo marido e o mesmo aconteceu com D. Manuel, que começou a amar Maria. Pelos relatos do livro, esta rainha foi sem dúvida alguma o grande amor de D. Manuel e a sua grande companheira de vida. Mas infelizmente, devido aos sucessivos partos e sem tempo de descanso entre estes e aos azares na sua família, D. Maria acabou mais tarde por falecer.

Totalmente perdido e sem saber o que fazer da sua vida, D. Manuel decide abdicar do trono, decisão que é alterada devido ao seu aio e à visão da imagem da prometida do seu filho mais velho D. João. D. Leonor tinha um terço da idade do soberano e foi a sua última rainha. Familiar também por sangue do rei português, teve uma vida complicada. Na sua noite de núpcias, apercebeu-se que nada mais era do que uma substituta da ex-rainha, quando D. Manuel chama o nome de Maria enquanto estava com ela. Mas com o tempo, o rei apercebeu-se de como a estava a tratar mal e tentou moderar-se. Esta última rainha acabou por ficar viúva, com a morte de D. Manuel, que no seu leito de morte, lhe pediu perdão, pois tinha-a feito sofrer. Voltou a casar e viveu uma vida sofrida, aturando a falta de sensibilidade e os escandâlos do seu novo marido.

Algo que como se vai vendo ao longo do livro é que - como é referido no epílogo -, parece que este azar é uma maldição da família Castelhana Aragão, pois por cartas que D. Leonor enviava a D. Catarina de Aragão, mulher de D. Henrique VIII, uma rainha que também teve uma vida devera complicada devido aos casos do marido, essencialmente com Bessie Blount as irmãs Bolenas (uma delas acabou por ser a sua segunda mulher), todas as mulheres desta família tiveram uma vida deveras complicada.

Gostei imenso do livro e da escrita que era fluída e muito leve. Gostei da forma de como está distribuido, apresentando não só a vida dentro da corte, mas também fora desta, de forma a compreendermos melhor os factos e de conseguirmo-nos localizar no tempo. A descrição do rei, como um Homem e não apenas como soberano foi algo que me captou imenso a atenção e achei "piada" ao facto de embora fosse chamado de o "Afortunado", tivesse tanto azar durante a sua vida.

Sem dúvida que quando poder ler algo desta autora o irei fazer!!

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