segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A Linha Ténue do Passado

Autora: Mónica Cortesão Gonçalves
Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 373
Editor: Chiado Editora
ISBN: 9789895104192
Coleção: Viagens na Ficção

Sinopse:
No Luxemburgo, Maria descobre uma mansão que pertencera aos seus ascendentes, de onde a sua avó havia fugido anos antes devido às calamidades que os habitantes sofreram durante toda a 2.ª Guerra Mundial. Descobre uma nova identidade, o seu verdadeiro lar, num sítio desconhecido onde se sente em casa. Encontra história, amigos, inimigos, amor, erotismo, filhos, e constrói um verdadeiro lar sob a ameaça mortal de dois alemães que se querem apoderar da sua herança, alegando fazerem parte dela.
Maria tem uma vida paralela enquanto dorme, através de visões de um passado doloroso, desenterra a história da sua família e o seu sofrimento durante a invasão alemã da 2.ª Grande Guerra, num país que até então não sabia ter agonizado tanto, descobrindo a verdadeira razão da fuga da sua avó para Portugal.
A obra funde o passado com o presente e a imaginação com factos verídicos, onde todas as experiências levam Maria a descobrir o inimaginável.


Opinião:
Este livrinho chegou à minha estante devido à própria autora, que se encontrava a promocionar o seu livro entre os diversos blogues portugueses. Um iniciativa deste já a louvar. Embora já tenha prometido ler este livro há algum tempo, infelizmente havia sempre algo que se metia no caminho, mas finalmente li-o e embora tenha uns pontos a melhorar, devo dizer que gostei muito da história.

Maria sempre fora muito ligada à sua avó. Sendo praticamente ignorada pela mãe que não sabia como lidar com ela, encontra na sua avó o conforto necessário. Alguém com o seu dom e que compreende tudo por que a neta está a passar. Acontece que Maria sonha com os mortos e através destes sonhos consegue contactar com eles e receber mensagens de assuntos inacabados destes. Quando a sua avó morre repentinamente, Maria começa a sonhar com esta e com uma antiga mansão. Com crianças felizes e livres e com uma família que decidira criar uma casa onde gerações futuras pudessem ser felizes. Crianças que acabam por nunca conhecer uma verdadeira infância quando repentinamente começa a segunda guerra mundial, sendo os homens recolhidos para a batalha e as mulheres maltratadas e obrigadas a trabalhar para entregar um certa quantidade de comida aos militares.

Enquanto Maria tem esses sonhos, a própria começa a viver a sua própria vida, a compreender a sua mãe, os seus sonhos, o seu coração. Acompanhando-a através de grande parte da sua vida, seguimos a personagem enquanto ela faz estas descobertas sobre si mesma e acabamos por conhecê-la melhor do que ninguém.

Este é um livro, como já referi, que segue a vida de Maria, enquanto esta descobre mais sobre o passado da sua família e sobre o seu próprio dom. Um livro que a segue durante várias dezenas de anos e que nos dá um retrato real e cruel da segunda guerra mundial e pelo que se passou em algumas das terras mais escondidas de Luxemburgo. A personalidade de Maria é aprofundada o suficiente para a compreender-mos, mas achei que a sua relação com o futuro marido foi descrita de uma forma demasiado fugaz. O que quero dizer com isto é que eu sou uma pessoa muito romântica, mas não gosto dos romances de amor à primeira vista. Gosto do mínimo desenvolvimento e achei que inicialmente a autora estava a avançar bem nesse aspecto, fazendo com que os personagens gostassem de estar juntos, mas repentinamente já os encontramos profundamente apaixonados, sendo essa uma parte que necessitava mais desenvolvimento.

Outro aspecto que me fez impressão foi que no meio de uma escrita fluída com um tipo de vocabulário simples de seguir, do nada apareciam palavras demasiado caras para o tom de todo o livro. Esta parte da escrita fez-me muita impressão, pois teria preferido que a autora tivesse mantido sempre o mesmo tom em todo o livro, sem sentir a necessidade de adicionar palavras caras que neste livro não ficaram propriamente bem.

Mas apesar destas duas falhas que me fizeram impressão, foi um livro interessante, com uma história cativante e onde acabamos por descobrir que a família de Maria escondia muito mais do que esta alguma vez pensará. Uma autora portuguesa cujos romances futuros estou curiosa por descobrir, pois apesar dos pequenos contras que já referi, é uma história bem escrita e esses são erros facilmente corrigidos.

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