domingo, 25 de maio de 2014

O Tintureiro Francês

Autor: Paulo Larcher
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 384
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789897100925

Sinopse:
Nos finais do séc. XVIII, o Marquês de Pombal viu-se a braços com um fracasso na sua política de regeneração industrial: a Real Fábrica de Panos, a menina dos seus olhos, apesar de todos os esforços e despesas não consegue produzir tecidos com a qualidade dos importados. Decide então convidar um tintureiro francês para vir a Portugal ensinar essa grande arte que, à época, fazia a riqueza e o prestígio das nações europeias.
O artista eleito foi o polémico Stéphane Larcher, que mal chega começa a revolucionar práticas e comportamentos. Um ano depois, cores nunca vistas vêm à luz e tecidos até então desconhecidos brilham em todo o seu esplendor. Ao partilhar a sua arte secreta com os portugueses, Stéphane sabia estar a arriscar a vida, a reputação e a fortuna. Mas ninguém o avisou que também comprometia fatalmente o próprio coração.


Opinião:
Ai a capa. Sem dúvida alguma que esta capa foi um factor muito importante na escolha deste livro. Além de ter percebido pela sinopse que este era um livro que conta um pouco mais sobre a nossa história nacional, de uma forma romanceada, a capa foi o que me deu o puxão final para decidir ler esta história e ficar, também, a conhecer um novo autor nacional.

O Marquês de Pombal quer melhorar a situação económica do país e sabe que para tal precisa, sem dúvida alguma, de melhorar as empresas portugueses, de maneira a aumentar a exportação e diminuir a importação. O problema é que um dos seus grandes investimentos, a Real Fábrica de Panos, não consegue competir com os produtos do estrangeiro. Desesperado com tal injúria, o Marquês de Pombal junta todos aqueles que este sabe que o poderiam ajudar, acabando por dar a tarefa árdua de melhorar a fábrica a José de Magalhães, um dos seus homens de confiança, que acaba por entregar a tarefa à sua inteligente protegida, depois de esta praticamente lhe implorar e provar todos os prós e contras.

Estes acabam assim por decidir resgatar Stéphane Larcher, um homem em prisão domiciliária pelas suas ideias políticas. Uma viagem difícil, em que D. Teresa, a protegida de José de Magalhães, se encontra, mas vestida de homem. Sabendo que era importante para o país resgatar Stéphane, esta acaba por ser sacrificada no salvamento deste homem, que havia desenvolvido um carinho especial por si.

É após esta parte, que a verdadeira acção do livro começou a ocorrer, pelo menos para mim. Stéphane acaba por ser encarregue das tintureiras espalhadas ao longo de todo o país. Por técnicas que decide manter escondidas acaba por criar cores espantosas e maravilhosas que provam que o seu nome não é pronunciado ao falar desta técnica, em vão.

Para mim, a segunda parte do livro foi sem dúvida a melhor. Adorei ver-nos, a nós portugueses, através dos olhos de alguém de outro país e esse foi um retrato muito fiel que ainda hoje em dia pode ser encontrado em inúmeras partes do país. Um dos primeiros pensamentos de Stéphane, relativamente às pessoas que comandam nas tintureiras, é que estes estavam lá não por conhecimento e esforço, mas si por cunhas e devido a terem um nome importante. Estas pessoas não sabiam sequer gerir aquele império de cores e texturas, tratando mal os seus empregados e as pessoas que notavelmente sabiam mais que eles. Stéphane, ficando por ordem do rei o homem com mais poder naquela empresa, acaba por decidir distribuir os postos de acordo com o conhecimento nas diversas áreas necessárias (financeira, organizadora, entre outras) e se o trabalho de alguém fosse muito bom decidia que essa pessoa deveria ganhar uma pequena compensação e subir na hierarquia.

Outro grande ponto da história que me marcou foi quando no final do livro há uma grande festa real, e em que inúmeros panos, que tantos meses e dinheiro foram necessários para criar, estavam espalhados por Lisboa inteira. O primeiro pensamento que Stéphane foi que tinham gasto todos os panos para uma festa apenas, sendo que assim ficariam sem panos para vender e para repor o dinheiro gasto na fabricação dos mesmos (afinal ao ser a coroa ao utilizar os panos na festa, não havia dinheiro a entrar de fora do país, o que era o objectivo). Achei imensa graça a esta parte, pois faz lembrar o pensamento português que acompanha o nosso povo há já diversos anos. O pensamento de que não importa o que é preciso gastar, deste que seja uma festa imponente e divertida.

A pesquisa feita da parte do autor está muito boa, este consegue misturar história, romance e mentalidade portuguesa através da sua escrita, falhando apenas na primeira parte onde as descrições acabam por ser muito maçudas, o que dificulta um pouco a leitura. Já na segunda parte, o número de descrições diminui e foi essa parte que realmente gostei de ler e acompanhar. A parte onde surge o romance entre D. Teresa e Stéphane também me encantou imenso e tive pena do final deste romance.

Um livro que me surpreendeu e que embora tivesse algumas parte maçudas, demonstra perfeitamente a mentalidade portuguesa que já existe desde há imensos anos atrás e que ainda nos acompanhar hoje em dia.

4 devaneios:

Rosana Maia disse...

Olá :)

Gostava muito de ter esta coleção de Romances da História de Portugal. No entanto, tenho um bocado receio. :) Mas pelo que li da opinião o objetivo até deve estar bem concretizado.
Boas leituras

Rosana
http://bloguinhasparadise.blogspot.pt/

Anónimo disse...

Eu da minha parte custou-me no início entrar no espírito da história por causa das descrições, mas a segunda parte prendeu-me do início ao fim!

Experimenta ;)

Bjs*

Clarinda disse...

Ando indecisa! :/

Anónimo disse...

Então Clarinda?

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