domingo, 21 de setembro de 2014

Isabel, a Condessa Cercada

Autor: Pedro L. Torres
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 304
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789896376604

Sinopse:
Um obscuro desejo de conquista no deserto africano do Sultão. No início do séc. XVI, a expansão portuguesa avança sobre as praças mouras do norte de África, conquistando importantes posições do inimigo. Arzila, grandiosa praça costeira, recebe então um novo capitão, o Conde de Redondo, a quem o Rei D. João III, anos mais tarde, concedeu grandes louvores pelos seus serviços.
Mas como conseguiu este conde resistir aos cercos de um inimigo muito mais numeroso e ainda tomar posições pelo deserto fora? A razão ainda hoje é um mistério, mas rezam as crónicas que o conde gozava de boas relações com um alcaide mouro que entrava sorrateiramente na praça portuguesa.
Com base neste fragmento verdadeiro da História de Portugal, Pedro Torres desenha uma ficção que revela as motivações das misteriosas visitas, o jogo perturbante de paixões e intrigas por detrás das impossíveis conquistas portuguesas. Um jogo doce, elaborado pelas mãos de uma condessa portuguesa, na terra violenta e sensual dos Xarifes…


Opinião:
Sim, é verdade. Ando numa altura em que me apetece ler romances e autores nacionais. Foi dessa forma que acabei por pegar neste livro da Saída de Emergência. Não posso negar que a entrevista feita ao autor ajudou, tendo a curiosidade de ler o seu livro aumentado após esta.

Estamos numa altura em que os portugueses estão no auge das suas riquezas. Os descobrimentos andam a dar que falar e apesar das inúmeras batalhas travadas, os portugueses estão sempre na linha da frente no que diz respeito a aumento de território. Um dos territórios portugueses em risco é Arzila, uma das principais praças costeiras portuguesas, que se encontra num cerco constante, por parte dos árabes, que sentem que aquele território lhes pertence.

Isabel é a nova condessa da praça de Arzila, uma mulher lindíssima, com um grande coração e muitíssimo apaixonada pelo marido. Uma mulher que não queria deixar a sua querida Lisboa mas que acaba por descobrir em Arzila uma liberdade que há muito lhe tinha sido negada. Mãe de duas crianças, adora brincar com estas fora das muralhas, o que acaba por levar a muitos olhares de desejo dos homens, que adoram ver belíssima e despreocupada condessa. Olhares esses que despertam ao marido de Isabel ciúmes, algo que acaba por azedar a relação perfeita que estes tinham.

Este é um livro que se centra não apenas nas lutas entre os árabes e os portugueses por aquele grande posto de comércio, mas também na personagem de Isabel, não estivesse o seu nome no próprio título deste livro. Isabel tem uma personalidade que prende de imediato o leitor e acompanhamos através da escrita cuidada do autor o crescimento da condessa. De pessoa alegre, livre e apaixonada pelo marido, Isabel acaba por se tornar alguém carente, cuja alegria existe apenas por fora, mas nunca a sentido realmente. Até mesmo a paixão que sente pelo marido acaba por esmorecer, pois os ciúmes injustificados deste e o uso que ele lhe dá para terminar com algumas escaramuças entre portugueses e árabes, acabam por destruir o amor que tinham um pelo outro.

Ao perder o amor pelo marido, Isabel acaba por descobrir carinho nos braços de outro homem. Um homem proibido. Um homem que a olha com adoração e que faria qualquer coisa por ela. Este livro, como podem ver, é muito em redor das paixões e amores de Isabel, sendo que estas por vezes nem sempre são bem vistas aos olhos dos portugueses. Mas apesar disso Isabel não deixa de ser uma mulher apaixonada e tal pode-se confirmar por um pequeno excerto do livro, de quando perguntam a Isabel sobre esse seu acto e o que este significará na entrada para o paraíso, "- E a sua alma, como estará? - Cheia de amor, senhor padre. Como sempre esteve. - Deus a perdoe – (…)".

Um livro que apresenta Pedro L. Tavares ao público. Um autor com uma escrita quase poética e muitíssimo cuidada que criou uma personagem feminina absolutamente fantástica e que adorei conhecer.

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