sábado, 14 de abril de 2012

A Condessa

Autora: Rebecca Johns
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 336
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789892315966

Sinopse:
A bela condessa Erzsébet Báthory nasceu num berço de ouro da aristocracia húngara. Nada faria prever que acabaria os seus dias encarcerada na torre do seu próprio castelo. O seu crime: os macabros assassínios de dezenas de criadas, na sua maioria jovens raparigas torturadas até à morte por desagradarem à sua impiedosa senhora.
Pouco antes de ser isolada para sempre, Erzsébet conta a apaixonante história da sua vida. Ela foi capaz dos mais cruéis actos de tortura mas também do mais apaixonado e intenso amor. Foi mãe, amante, companheira… uma mulher que teve o mundo a seus pés e se transformou num monstro.
Os seus opositores retrataram-na como uma bruxa sanguinária, um retrato que fez dela a mulher mais odiada da História. Erzsébet inspirou Drácula, inscreveu-se na literatura clássica e contemporânea, deu azo a filmes, séries de TV e até jogos de computador.


Opinião:
Nunca tinha ouvido falar desta mulher. Nunca tinha ouvido falar que a lenda de Drácula vinha de uma pessoa real. Nunca tinha ouvido falar deste livro... Mas quando ouvi falar nele foram boas críticas, muitíssimo boas.

Erzsébet Báthory nasceu para uma vida de riqueza e requinte. Embora tendo sido deste pequena apaparicada pela mãe e tratada como uma rainha, não se pode afirmar que a sua juventude tenha sido o que se chama de normal. Tendo ficado noiva aos onze anos de idade, Erzsébet teve desde muito cedo que aprender a ser uma boa mulher e uma boa governanta. Mas o seu infeliz início de noivado não a ajudou, pois o seu marido, um conde mais velho que ela, ignorava-a completamente, levado-a a acabar por se apaixonar pelo primo deste, chegando inclusivé a engravidar, mas tendo o bebé sido levado pela mãe de Erzsébet mal nasceu e esta nunca mais soube nada dele.

De forma a que o noivado não se desfizesse, Erzsébet é casada de imediato com o conde e o medo desta de um casamento infeliz apenas se evaporou quando descobriu ter uma paixão em comum com o marido... a tortura. Uma mulher que de pequenos castigos que empregava nas criadas que ou roubavam, partiam algo, ou não cumprissem as suas tarefas passou a ser castigos tais que levavam à morte dessas raparigas, mortes essas que Erzsébet considerava um mal menor e cuja culpa de tal era da falecida por não ter cumprido o seu dever para com a sua ama.

“Oferecera-lhes emprego, instrução, os refinamentos da boa comida e da boa companhia, a oportunidade de se distinguirem, mas nenhuma das minhas criadas provara ser digna dos meus esforços, nem uma em todos aqueles longos anos.”

Este foi um livro muito estranho, mas por um lado positivo. Se por vezes nos encontramos a odiar as acções da personagem principal, nunca a conseguimos odiar! Foi um sentimento que me perseguiu ao longo de todo o livro e que estranhei imenso. Acho que tal deveu-se ao facto de que neste livro, que é escrito como se fosse a personagem a relatar-nos a sua vida, conhecemos uma Erzsébet com uma educação muito avançada para a época, uma educação que a faz ser diferente das outras damas da altura, mais cabeça erguida e com noção que sabe mais que muitos homens que de acordo com os parâmetros da altura poderiam ter maior categoria que ela. Uma personagem que apesar de tudo preocupa-se com os seus e que para quem nunca a trai consegue ser a melhor companheira de todo o mundo. Uma mãe exemplar, que faz de tudo para que os seus filhos tenham uma boa educação e que vivam numa casa cheia de amor e carinho.

Provavelmente foi isto que me fez nunca conseguir odiar a personagem, embora tenha desconfiado das suas habilidades psicológicas em imensas passagens do livro. Perante a sua indiferença relativamente à morte de certas criadas. Um acto que Erzsébet começou a julgar como algo banal, pois como senhora da casa apenas exigia o normal e tinha todo o direito de as castigar. Mas continuava a questionar-se como é que as criadas da mãe gostavam tanto dela mesmo sendo por vezes castigada e com ela, nenhuma criada mostrava o seu afecto.

Mesmo assim a cena que mais me afectou no livro não foi quando morriam dezenas de criadas... foi quando se falou do castigo de uma delas, a primeira criada que Erzsébet castigou a sério. A mais bela criada da casa, que se gabava de ser amante do marido da ama. Uma mulher que inicialmente era apenas para sofrer o castigo que a mãe de Erzsébet fazia às suas criadas mais desenvergonhadas, mas que acabou por se tornar um castigo demasiado severo à medida que a imaginação de Erzsébet fervilhava.

Este é um livro em que mal começamos a ler, vai ser impossível parar enquanto não o terminarmos! Um livro em que, com uma escrita simples mas muitíssimo fluída, a autora consegue criar dentro de nos um sentimento de compaixão, pena e até compreensão por esta personagem tão assustadora e horrível. Um livro que adorei e que recomendo a todos os que ainda não o leram!

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