quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Ana Saragoça [Autor Nacional do Mês]


Fale-nos um pouco sobre si. 
Nasci em 1966 em Viana do Alentejo. Frequentei a Faculdade de Letras de Lisboa e a Escola Superior de Teatro e Cinema, na vertente de Formação de Actores. Estreei-me como actriz em 1988 no Teatro da Cornucópia. Em paralelo com a carreira teatral exerci sempre a actividade de tradutora, que mantenho até hoje. 

Como surgiu a escrita na sua vida? 
A escrita surgiu logo que aprendi a ler e me apaixonei pela leitura. Durante muitos anos mantive um diário. Embora sem qualquer valor literário, criou em mim o hábito e o gosto de escrever. De um modo geral, sempre tive mais facilidade em exprimir pensamentos e sentimentos por escrito. A escrita ‘organiza’ o pensamento.

O que é que a levou a escrever este livro? 
O livro foi surgindo muito lentamente da vontade de mostrar um universo urbano que conheço bastante bem, e também de mostrar personagens muito diferentes a falar directamente para o leitor, embora através de um artifício. 

Quais foram as suas referências e inspirações enquanto o escrevia? 
Referências literárias conscientes, nenhuma. Mas é natural que os meus autores preferidos de língua portuguesa me tenham influenciado, de tanto os ter lido: Eça de Queiroz, Mário de Carvalho, José Cardoso Pires, Dinis Machado… A minha inspiração foi apenas aquilo que me rodeia, a infinita e fascinante variedade humana, que podemos encontrar onde quer que estejamos. Basta abrirmos bem os olhos e os ouvidos.

O que sentiu ao receber a resposta afirmativa de uma das editoras portuguesas? 
Uma enorme alegria e também alguma incredulidade. Só acreditei mesmo que ia ser editada quando assinei o contrato com a Estampa. Foi um momento inesquecível. 

Alguma vez teve medo que não funcionasse? 
Não sei se o termo ‘funcionar’ se adapta ao que se pretende de um livro. E, já agora, ‘medo’ também não terá sido bem o que senti. Queria muito que o livro fosse lido, criticado e discutido. Acho que esse objectivo tem estado a ser atingido. 

Tem recebido feedbacks dos seus leitores? 
Sim. A internet criou uma relação muito diferente entre autores e leitores, e eu nunca pretendi qualquer distância de quem me lesse. Por isso criei uma página para o livro no Facebook, (https://www.facebook.com/TodosOsDiasSaoMeus) onde acolho calorosamente as palavras dos leitores. E as críticas que entenderem por bem fazer-me, claro. 

Podemos ficar à espera de outro livro seu? 
O que mais gosto de fazer na vida é escrever. De momento estou mais dedicada à escrita de textos para teatro, mas, assim que a vida me permitir, vou mergulhar a fundo na construção de um novo romance: já tem título e história, ‘só’ falta mesmo escrever. 

Sei que pertence à fantástica comunidade BookCrossing. Qual acha que é a importância deste género de comunidade no mundo literário?
No mundo literário, não sei. Sei que há alguns autores bookcrossers – o Richard Zimmler, por exemplo – e nas convenções de Bookcrossing temos tido sempre a presença de autores. Não me parece que os autores e os editores tenham grande noção da utilidade do Bokkcrossing, e alguns podem até vê-lo como prejudicial à sua actividade, uma vez que promove a leitura gratuita. O que não sabem é que promove, e de que maneira, a compra de livros. Alguns livros que li através do Bookcrossing e que me levaram a adquirir mais tarde vários exemplares para possuir e para oferecer: Um Amor Feliz, de David Mourão-Ferreira, Os da Minha Rua, de Ondjaki, Casos do Beco das Sardinheiras, de Mário de Carvalho, O Retorno, de Dulce Maria Cardoso, e muitos, muitos outros. 
Para mim, o Bookcrossing foi determinante na decisão de escrever e tentar publicar. Daí que lhe tenha dedicado o meu primeiro livro.

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