sábado, 28 de setembro de 2013

Jesus Cristo Bebia Cerveja

Autor: Afonso Cruz
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 248
Editor: Alfaguara Portugal
ISBN: 9789896721336

Sinopse:
Uma pequena aldeia alentejana transforma-se em Jerusalém graças ao amor de uma rapariga pela sua avó, cujo maior desejo é visitar a Terra Santa. Um professor paralelo a si mesmo, uma inglesa que dorme dentro de uma baleia, uma rapariga que lê westerns e crê que a sua mãe foi substituída pela própria Virgem Maria, são algumas das personagens que compõem uma história comovente e irónica sobre a capacidade de transformação do ser humano e sobre as coisas fundamentais da vida: o amor, o sacrifício, e a cerveja.


Opinião:
Mais um autor português que eu decidi experimentar. Um autor português sobre quem só oiço louvores. Oiço falar muitíssimo sobre ele, a sua escrita fantástica e histórias diferentes que nos ensinam sempre algo de diferente. O seu humor irónico é algo muito referido e uma das suas características mais marcantes. A minha experiência? Esperava algo diferente do que li.

Rosa é uma raparigas conhecida na pequena aldeia. Conhecida pelo seu rabo redondo, pequeno buço e um ar que deixava qualquer homem sem fôlego, Rosa quer saber mais sobre o mundo. Quer ser livre e no meio onde vive tal é muito difícil. Mas a partir do momento que conhece o professor, um homem que desafia todos os seus acreditares na religião confundido-a com a magia da ciência e do ADN, Rosa começa a ver o mundo com outros olhos, começa a desconfiar de tudo o que sempre acreditara e começa a mudar a sua maneira de ser.

Este é um livro que não é para todos. Não apenas pela sua história, mas pela forma que o autor escreve. O autor consegue escrever prosa como quem escreve poesia. Escreve de forma filosófica e toca em assuntos que podem ser considerados sensíveis para muitos. Através da visão de pessoas da aldeia, muitas delas pobres em visão. Ao dizer isto o que quero dizer é que a mentalidade retratada neste livro é uma mentalidade retrógrada, por vezes até demais, como se o autor tivesse feito de propósito para vermos de forma irónica a falta de visão existente nas personagens retratadas no livro.

O autor consegue assim, através destas personagens ironizadas, falar de assuntos como a religião, a ciência, como estas duas se encontram, o amor e a morte. Estes assuntos são muitíssimo falados e discutidos e por vezes chegam-se a cruzar de tais formas que me chegaram a confundir. A história chega a uma altura que nos encontramos com o mesmo estado de espírito de Rosa, confusos. Confusos com a maneira de ver deles da religião e da ciência. De como a morte ocorre. O amor estranho que Rosa tem para com o namorado e o cientista.

Um grande problema para mim ao longo do livro foi como, devido à escrita do autor, as personagens parecem tornar-se cada vez mais retrógrados com o avançar da narrativa. Além disso há certas falas da população religiosa da aldeia que me fez deveras confusão, especialmente a maneira como descreviam o rabo de Rosa (sim, o rabo de Rosa). Eu da minha parte li isso como uma grande hipérbole para fazer denotar certos erros da igreja, nomeadamente pedofilia e afins. Mas penso também que é um livro que pode ter diversos significados, dependendo de quem o lê.

Um livro curioso, com uma escrita filosófica mas cujo rumo da história não foi o meu favorito. É uma história que toca todos de forma diferente, podendo ser lida de vários ângulos. É um ver para crer.

1 devaneios:

Fiacha disse...

Olá,

Por acaso ando com vontade de experimentar este escritor que nunca li nada, mas que tenho lido excelentes comentários.

Parece-me que este não deve ser o livro de estreia, pelo menos ao ler o teu comentário :)

Bjs

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