domingo, 15 de dezembro de 2013

Um Comércio Respeitável

Autora: Philippa Gregory
Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 472
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04430-3

Sinopse:
1787. Bristol é uma cidade em franco crescimento, uma cidade onde o poder atrai os que estão dispostos a correr riscos. Josiah Cole, um homem de negócios que se dedica ao comércio de escravos, decide arriscar tudo para fazer parte da comunidade que detém o poder na cidade. No entanto, para isso, Cole vai precisar de capital e de uma esposa bem relacionada que lhe abra as portas necessárias.
Casar com Frances Scott é uma solução conveniente para ambas as partes. Ao trocar as suas relações sociais pela proteção de Cole, Frances descobre que a sua vida e riqueza dependem do comércio respeitável do açúcar, rum e escravos.
Entretanto, Mehuru, um conselheiro do rei de Ioruba, em África, é capturado, vendido e enviado para Bristol, onde será educado nos padrões ocidentais por Frances, por quem, inexoravelmente, se irá apaixonar.


Opinião:
Devo dizer que estava com imensa curiosidade relativamente a este livro. Para além de adorar Philippa Gregory e de devorar todos os seus livros, este pareceu-me um livro diferente do normal para o que leio da autora. Costumo ler os seus livros da época Tudor, por isso este livro, que não se centra nos monarcas mas sim na época comercial e nos comerciantes que a fizeram, criou-me uma grande curiosidade.

Josiah Cole e a irmã são detentores de um grande negócio. Um negócio que nasceu do sangue e suor dos seus pais, pessoas simples que nasceram sem nada e que graças à sua paciência e inteligência conseguiram subir na vida. Património esse que agora é cuidado e aumentado pelos seus dois filhos. Mas os tempos são difíceis para quem não tem nome feito e sendo os irmãos Cole filhos de simples pessoas de campo, terão que arranjar forma de ultrapassar tal obstáculo.

Frances Scott tem nome, um nome muito conhecido e antigo que muito diz naqueles tempos. Mas por vezes um nome não chega para sobreviver e desesperada, sem dinheiro e prestes a perder o tecto onde vive, Frances decide arriscar e fazer uma proposta a Josiah. A sua fortuna pelo seu nome. Um tecto para sobreviver em troca de uma possibilidade de aumentar o seu negócio. Uma proposta que pode ser alcançada através de casamento.

Mas a vida de ambos não poderia ter tomado um caminho mais diferente. Convencidos que finalmente tinham alcançado a felicidade, tudo muda quando Josiah decide confiar demais nos seus novos amigos do Merchant Venturers of Bristol, uma sociedade de mercadores, composta pelos mais ricos e influentes homens de Bristol, o prémio por finalmente ter um grande nome de família. Enquanto  Josiah lida com os problemas da sua vida de mercador, o seu novo negócio, os escravos africanos, são o que atormentam Frances. Tendo como obrigação ensinar estes escravos a ler e a fazer de forma apropriada todas as tarefas domésticas, de forma a que o seu valor de mercado aumente, Frances não consegue deixar de criar um laço com estes. Um laço de confiança, amizade e até mesmo amor.

Este é um livro que debate diversas situações da altura e que deixa uma marca diferente na consciência de cada leitor. Através dos irmãos Scott vemos a influência que os ricos (por vezes nem tão ricos quando isso, mas com nome de família) têm no mundo e descobrimos como o trabalho árduo de outros era por diversas vezes deitado por terra simplesmente por estes não terem o mesmo nome influente que outros. Já através de Frances vemos a crueldade com que eram tratados os escravos. Um episódio que me marcou muito no livro foi quando um dos mercadores ricos diz a Josiah para lhe trazer a melhor escrava feminina que ele tinha, para se divertirem. Josiah faz o que ele lhe manda, afinal de contas o rico não era ele, esse era apenas o seu objectivo de vida. E este traz assim uma das escravas que acaba por ser violada sucessivas vezes por mais que um homem. A forma como é descrito, do ponto de vista de Frances, a esposa que nada pode fazer contra o marido, embora tal acto lhe pense na consciêcia, torna tudo ainda pior. E a forma como a escrava lida com este acontecimento atingiu-me ainda mais que o resto.

Um livro que adorei, muito diferente de tudo o que li da autora mas igualmente fantástico! Aconselho a todos!

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