sexta-feira, 11 de julho de 2014

O Teu Rosto Será o Último

Autor: João Ricardo Pedro
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 208
Editor: Leya
ISBN: 9789896602093

Sinopse:
Tudo começa com um homem saindo de casa, armado, numa madrugada fria. Mas do que o move só saberemos quase no fim, por uma carta escrita de outro continente. Ou talvez nem aí. Parece, afinal, mais importante a história do doutor Augusto Mendes, o médico que o tratou quarenta anos antes, quando lho levaram ao consultório muito ferido. Ou do seu filho António, que fez duas comissões em África e conheceu a madrinha de guerra numa livraria. Ou mesmo do neto, Duarte, que um dia andou de bicicleta todo nu.
Através de episódios aparentemente autónomos - e tendo como ponto de partida a Revolução de 1974 -, este romance constrói a história de uma família marcada pelos longos anos de ditadura, pela repressão política, pela guerra colonial.
Duarte, cuja infância se desenrola já sob os auspícios de Abril, cresce envolto nessas memórias alheias - muitas vezes traumáticas, muitas vezes obscuras - que formam uma espécie de trama onde um qualquer segredo se esconde. Dotado de enorme talento, pianista precoce e prodigioso, afigura-se como o elemento capaz de suscitar todas as esperanças. Mas terá a sua arte essa capacidade redentora, ou revelar-se-á, ela própria, lugar propício a novos e inesperados conflitos?


Opinião:
Falam muito bem deste autor... Admito que nunca me havia chamado a atenção e que a minha curiosidade para o ler não era nada por aí além. Não sei, há algo na sinopse que aponta para um género literário que não é nada o meu tipo e por isso fiquei com algum receio de o ler. Mas como este livro chegou-me às mãos pelo grupo BookCrossing pensei que não me faria mal algum experimentar e apostar no autor. O que concluí? Não é mesmo o meu género.

Este é um livro difícil de fazer resumo. Baseia-se no quotidiano de uma família ao longo do tempo e de diversas gerações, apontando de uma forma muito bem escrita e floreada as ações que estes fazem. Ações muitas delas banais mas que quando escritas pelo autor ganham outra forma. Uma coisa que me apercebi enquanto lia o livro é que este não tinha uma história assim tão distinta quando isso. Simplesmente era diferente pela forma como o autor retratava essa história, acabando assim por escrever sobre algo muito comum essencialmente em terras portuguesas.

Sim, sem dúvida alguma que o livro apenas existe pela escrita do autor. Consegue, como referido, transferir o dia a dia de personagens portuguesas comuns e transformar isso em algo mais. Esta escrita acaba por ser um pouco crua e muito directa, como se  autor estivesse a falar diretamente connosco, olhos nos olhos, sem falinhas mansas e contado as coisas como são na realidade.

Já tinha lido livros de outros autores portugueses com este tipo de escrita crua ao retratarem o quotidiano português e admito que não é o meu género favorito. Eu juro que tento entrar no ritmo da história mas não consigo... Acho que apenas entrei verdadeiramente no espírito durante a narrativa do piano. Não quero revelar muito, pois o especial no livro são estes pequenos pormenores mas adorei a descrição que Duarte faz de não ter sido ele a escolher o piano, mas o piano a escolhê-lo a ele, a forma como ele explica a sua paixão e o porquê de ter desistido dela.

Sem dúvida um livro que não é para todos, mas que é muito especial à sua maneira, essencialmente devido à escrita do autor.

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