segunda-feira, 18 de junho de 2012

A Mulher - Casa

Autora: Tânia Ganho
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 376
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04594-2
Coleção: Marca D'Água

Sinopse:
Ela é uma modista de chapéus pouco conhecida; ele, um ghostwriter de políticos menores e personalidades duvidosas. Quando trocam a pacata Aix-en-Provence pela imponente Paris, levam consigo toda uma bagagem de sonhos e promessas de glamour. Porém, o crescente sucesso profissional do marido depressa reduz Mara ao papel de mãe e dona de casa, arrastando-a para um abismo de solidão e desencanto.
É então que se envolve com Matthéo, um jovem chef mais novo do que ela, e de súbito se vê enredada numa espiral de sentimentos contraditórios onde a lealdade, a luxúria e o dever encerram as agonizantes perguntas: poderá uma adúltera ser uma boa mãe? Poderá ela esperar que este amor proibido a salve de si mesma e da sua falta de fé?


Opinião:
Como escrever uma opinião a este livro que lhe faça justiça? Este é o primeiro pensamento que me passa pela cabeça ao começar a escrever esta crítica. Eu nunca tinha lido nada desta autora, embora saiba que ela já publicou um outro livro também na Porto Editora, chamado "A Lucidez do Amor".

Mara acabou de ser mãe há pouquíssimo tempo e muda-se com o marido para Paris. Ela é modista de chapéus e ao mudar-se para a grande cidade devido ao emprego do marido, que consegue empregar-se a trabalhar para o ministro escrevendo os discursos que este apresentava ao público, Mara tem grandes esperanças de conseguir uma clientela exclusiva com a ajuda do marido e de voltar a trabalhar. Mas tudo complica quando o seu marido, Thomas, fica de tal maneira dedicado ao trabalho que Mara se sente renegada para segundo lugar. Sozinha numa cidade que não conhece, acompanhamos o distanciamento do casal e os pensamentos de Mara, que passa os dias sozinha entre fraldas e biberões. Acompanhamos os pensamentos desta mulher relativamente ao marido e ao trabalho deste. Ao desaparecimento da intimidade no casal. Às dúvidas que a assombram.

Sentido-se abandonada, Mara não consegue resistir à paixão que começa a sentir pela única pessoa que a ajudou e apoiou quando mais precisava. Sentido-se dividida entre este novo sentimento que já não sentia há anos e a família, vemos a luta de uma mulher muito real, em conseguir organizar os seus sentimentos sem magoar ninguém, o marido, o filho, a sua nova paixão.

Tudo isto numa escrita muitíssimo agradável, com pequenos capítulos que não tornam o livro cansativo e com um realismo que o torna um leitura que me surpreendeu imenso pela positiva. A escrita da autora é muito elegante, e ao termos muito poucas personagens neste livro, seguindo sempre a personagem de Mara, conseguimos ligar-nos profundamente a esta personagem. Perceber o que ela sente, porque é que ela o sente, porque é que faz o que faz. Sentimo-nos de tal maneira ligados à personagem que parece que a conhecemos uma vida inteira, melhor do que ela própria. E conseguimos ver uma pessoa real, não um romance em que tudo corre bem, ou há um percalço e de imediato algo ocorre e fica tudo bem. Não! Este é um romance real, para pessoas que queiram ler algo que saibam que pode acontecer, aliás, que acontece muito pelo mundo fora! De uma mulher que começa a ter dúvidas e que tem que se decidir em lutar para manter uma família ou deitar as dificuldades para trás das costas e seguir o caminho mais fácil, seguindo a paixão.

Há muito que não gostava tanto de um livro, sem dúvida que aconselho! Para qualquer momento, para qualquer pessoa! Apenas posso dizer, leiam, não se vão arrepender! Um livro de uma autora portuguesa que eu adorei, que me marcou imenso e cuja melhor palavra para descrever este livro é sem dúvida alguma "real".

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