domingo, 14 de dezembro de 2014

Crianças Perdidas

Autor: Mary MacCraken
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 256
Editor: Vogais
ISBN: 9789896682989

Sinopse:
Crianças Perdidas é um livro sobre o autismo e os problemas de comportamento e desenvolvimento na infância. Mas é também a história autobiográfica de uma mulher excecional, que se dedicou a trabalhar com crianças catalogadas como psicóticas ou autistas, acabando por transformar as suas vidas.
Quando se voluntariou para trabalhar numa escola para crianças com distúrbios emocionais, Mary MacCracken rapidamente se sentiu atraída pelas pessoas que ali ensinavam e por aquelas crianças especiais e respetivos pais angustiados. Embora quase todos os meninos aparentassem ser saudáveis, a realidade era muito mais triste, pois encontravam-se numa dimensão distante, privadas de amor e de verdadeiro contacto humano.
Depressa se tornou evidente que Mary era uma professora com dotes invulgares. Fruto das suas observações e de um instinto inato, conseguiu comunicar e relacionar-se com as crianças mais difíceis. Com o tempo, conseguiu descodificar os murmúrios dos seus alunos e ensinou-os a ler e a falar. Mas, mais importante do que isso, ajudou-os a começarem a sentir confiança e amor.
Não existem milagres nesta história, apenas uma mulher incrível que decidiu não desistir: Mary MacCracken, a professora cujos livros e percurso de vida inspiraram Torey Hayden, a autora bestseller de A Criança Que Não Queria Falar.


Opinião:
Sim, admito, este não é o meu género de livros predilecto e quem acompanha o blogue, pelas minhas antigas leituras, sabe disso. Sempre fui mais de romance, fantasia e livros mais obscuros e negros. Mas quando este livro saiu pela TopSeller, tive uma certa curiosidade, especialmente porque este livro é baseado em factos verídicos, sendo contados pela pessoa que passara por todas aquelas experiências.

Mary era uma dona de casa que queria mais da vida. Mãe de dois filhos que já não precisavam tanto dela como antes, via-se num casamento que já tivera melhores dias. Embora ainda gostasse do marido e se dessem bem, a verdade é que faltava algo à relação, algo que nem ela conseguia identificar. De forma a arranjar algo com que ocupar o tempo e que a satisfizesse a nível mais pessoal, Mary fazia voluntariado em diversos locais diferentes e decidira entrar num novo tipo de voluntariado, numa escola para crianças com necessidades especiais.

Numa altura em que o autismo era um tópico que mal era referido e muito menos entendido, Mary dá de caras com uma grande professora, sem nível académico para tal, mas que conseguia alcançar as crianças com aquela estranha doença. A partir do que observava aquela estranha mulher fazer, Mary aprendera a comunicar com aquelas crianças tão especiais. Crianças que eram ali colocadas porque os pais, por mais que as amassem, já não sabiam mais o que fazer. Crianças que não sabiam falar, ou ler, ou sequer ir à casa de banho embora tivessem já 10 anos ou até mais. Existiam também crianças que sabiam perfeitamente falar com um vocabulário que muitos adultos não se podiam gabar de ter, mas que tinham comportamentos que não faziam sentido algum.

A verdade é que àquelas crianças tinham sido diagnosticadas todo o tipo e mais algum de doenças. Desde problemas psicológicos, atrasos mentais e havendo inclusive médicos a dizer que com o tempo tais problemas passavam... Crianças que precisavam de mais atenção do que aquela que os pais conseguiam dispensar, pois por muito que estes tentassem precisavam de continuar a trabalhar para sustentar toda a família. Era aqui que Mary entrava.

Mary acabara por aprender com os melhores, acabando ela mesma por criar os seus próprios métodos. Adorando aquelas crianças como ninguém, Mary compreendia-as e conseguia de alguma forma alcançá-las e ajudá-las a conseguirem entrar melhor no mundo em seu redor. Neste livro lemos sobre as suas primeiras experiências, sobre o que lhe passava pela cabeça enquanto tentava, por todos os meios em seu poder, ajudar aquelas crianças. Todas elas diferentes entre si, mas todas precisando do mesmo. De alguém que as tratasse como se fossem crianças como todas as outras.

De rápida leitura, a jornada desta mulher acaba por tocar todos de uma forma distinta. Foi um livro que adorei e que recomendo a todos.

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